Encontro de Formação Diocesana reuniu reflexões, partilhas e esperança em Boa Vista



O Encontro de Capacitação e Formação Diocesana, organizado e  realizado com muito carinho e compromisso pela Caritas Diocesana e Comissão para a ação Socotransformadora da Diocese de Roraima, entre os dias 11 e 12 de julho, na Casa da Caridade Papa Francisco, no centro de Boa Vista, contou com a presença de agentes da pastoral dos Migrantes, lideranças das comunidades eclesiais, representantes de instituições e pessoas engajadas na missão de acolher, proteger, informar e acompanhar migrantes, refugiados nas mais diversas situações de suas vidas.

A Cáritas Diocesana de Roraima, juntamente com a Pastoral dos Migrantes, a Comissão para a ação Sociotransformadora, o Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania e o Centro de Proteção às Vítimas foram os protagonistas na realização dessa Capacitação que reuniu no primeiro dia mais de 60 pessoas e no segundo mais de 40 pessoas interessadas nos temas apresentados e refletidos. Nestes dias, os participantes puderam olhar com mais profundidade para a realidade concreta vivida no atendimento diário a pessoas migrantes, especialmente quando se trata de  vítimas de violência, de tráfico, de abusos de direitos, buscando caminhos para um serviço cada vez mais seguro e em rede, visando a defesa das vítimas e a proteção tanto de quem cuida como da pessoas necessitada.

Logo no primeiro dia, após celebração Eucarística a primeira reflexão foi ministrada pela Polícia Rodoviária Federal de Roraima, que abordou o grave problema do tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes. Foram apresentados dados concretos do Brasil e do mundo, revelando como essas redes criminosas se organizam e quem são as pessoas mais vulneráveis a esse tipo de crime.

Esse momento ajudou a abrir os olhos dos participantes para a urgência do tema e para a necessidade de, enquanto Igreja, saber identificar sinais de exploração, acolher com coragem, humildade e sabedoria as vítimas e encaminhá-las de forma segura e digna. A reflexão seguiu com debates sobre como deve ser o fluxo de atendimento realizado na Pastoral dos Migrantes: desde a escuta qualificada, atenta, passando pelo acolhimento inicial, até os encaminhamentos para a rede de apoio e  serviços especializados e ações de proteção.

Além disso, foram realizadas rodas de conversa que possibilitaram a partilha e relatos vividos, ouvidos e  enfrentadas no dia a dia, mas também das alegrias que nascem da missão de ser sinal de Esperança aos empobrecidos e enfraquecidos pelo sistema que corroe e mata. Esses momentos fortaleceram os laços entre os participantes e ajudaram a renovar o compromisso de todos com a defesa da vida e da dignidade.

Na noite do dia 11, aconteceu ainda um evento especial, às 19h, também na Casa da Caridade Papa Francisco, com o tema “Lançamento do Plebiscito Popular e orientações sobre a COP 30”, conduzido pelo padre Dario Bossi. Este encontro teve como objetivo conscientizar sobre a importância da mobilização popular em defesa de causas comuns e reforçar a responsabilidade de todos na preservação do planeta, reforçando a dimensão social e transformadora da fé cristã. Assim como realizar o Plebiscito Popular em nossa Diocese culminando com o Grito dos Escluídos e Escluídas no dia 07 de setembro.

No  sábado, dia  12, o encontro continuou até o meio-dia, mantendo o espírito de esperança e compromisso. Foram momentos de reflexão sobre temas fundamentais, como a importância de um atendimento humanizado às vítimas, a necessidade de escutar com paciência e sem julgamentos, e a responsabilidade de fazer encaminhamentos adequados, garantindo que ninguém enfrente a dor e o sofrimento sozinho.

Durante as atividades, ficou clara a importância de enxergar cada migrante, cada refugiado e cada vítima de violência não como números ou estatísticas, mas como irmãos e irmãs, filhos de Deus, merecedores de respeito, cuidado e amor. Foi um chamado para ir além da entrega de cestas básicas ou serviços pontuais, sendo presença viva e misericordiosa que transforma vidas.

A Irmã Terezinha Santin, coordenadora da Pastoral dos Migrantes da Diocese de Roraima, compartilhou uma reflexão tocante com todos os presentes. “Este encontro nos faz lembrar que somos chamados a defender a vida em todas as suas formas. Precisamos estar atentos para reconhecer as vítimas do tráfico e das violências, e precisamos acolher com amor, sem preconceitos. Convido todos vocês a participarem do Plebiscito Popular, pois é uma forma concreta de exercer nossa cidadania e dizer que queremos uma sociedade mais justa e solidária”, disse a irmã, com palavras que ecoaram no coração dos participantes.

Com o encerramento ao meio-dia de sábado, ficou a mensagem de que o trabalho pastoral não é apenas tarefa de poucos, mas missão de todos. É um testemunho vivo de fé que ultrapassa muros, fronteiras e preconceitos, tocando a realidade de quem mais precisa.

O Encontro de Formação Diocesana terminou, mas os aprendizados e compromissos assumidos por cada participante seguirão fazendo eco no cotidiano das comunidades, renovando a esperança de um mundo mais fraterno, justo e solidário.

 

 



Fotos: SPM